quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Desfile cívico ou político?




Barra Bonita, 10/outubro/2007

Após muitos anos sem ser realizado, aconteceu pelo segundo ano consecutivo no último dia sete de setembro o desfile em homenagem ao Dia da Indepêndencia em nossa Barra Bonita. Idealizado em 2006 pelo bombeiro André Luís dos Santos, e abraçado pela administração municipal como um todo, o evento surpreendeu, após o fracasso do show realizado pela Cicrabb (1).


Após as apresentações oficiais, entoação dos hinos Nacional e à bandeira, do desfile militar, onde até a guarda municipal recém criada foi apresentada devidamente uniformizada e motorizada - pagando até mico (2) -, veio o desfile civil. Talvez já prevendo a chatisse que estava por vir, o responsável pelo som tocou axé, algo comum a qualquer intervalo em evento, mas não em um desfile como aquele.

Antes porém, devemos aqui parabenizar professores, alunos e demais responsáveis pelas apresentações, estavam impecáveis na criatividade, na alegria, no orgulho por participar, e por que não, pela paciência, devido ao sol e calor intensos.

Mas algo de estranho aconteceu. A apresentação de programas sociais desenvolvidos, incluindo referência ao programa Bolsa Família do governo federal (3), apostilamento do ensino nas escolas municipais (4), faculdade gratuita (5), tomou caráter político. O desfile cansou o público, incluindo turistas que acompanharam o trajeto.

Ano que vem, não esqueçamos, é ano de eleições municipais. Que aconteça o desfile, com mais público, mais atrações. Que a Barra possa apresentar uma fanfarra decente. Mas por favor, não o tornem político.

(1). O show realizado pela Cicrabb com o grupo NXzero, foi questionado pela Camara Municipal de Barra Bonita mesmo após o envio da prestação de contas. Voltemos um pouco mais no tempo e relembremos também o famoso show realizado na administração do prefeito José Carlos de Melo Teixeira, quando em pról ao hospital trouxeram ninguém menos que o sertanejo Daniel, e tiveram um prejuízo enorme.

(2) A moto apesar de nova, afogou e deu trabalho ao seu condutor para funcionar.

(3) Em jornal recém distribuído na cidade, intitulado Cidade da Gente, propagandeando as ações do executivo municipal, em seu caderno B página 17, dizendo que antes de sua administração eram atendidas cerca de 500 famílias, e agora já são 1023. Numa análise simples, se mais pessoas dependem de programas de transferência de renda, significa que as pessoas estão passando por mais dificuldades que antes.

(4) Em qualquer país do mundo, o investimento em educação não se resume a apostilas, seria algo simples para fazer a educação ganhar qualidade. Sem um método confiável, não há como dizer que em apenas um ano houve uma revolução na educação de uma cidade por apenas ter adotado apostilamento. O investimento deve começar com uma política de longo prazo, remunerando e qualificando o educador, além de desenvolver programas culturais e atividades diversas que estimulem a criatividade dos estudantes. Cabe aqui uma crítica em forma de pergunta: quantos livros foram adquiridos pela Biblioteca Municipal, via Departamento de Cultura nesses quase 3 anos de mandato? E por que nas férias escolares, não são desenvolvidas atividades que incentivem a leitura?

(5) As escolas municipais são gratuitas. Por que ressaltar que a faculdade é gratuita? Aliás, quanto custa anualmente ao contribuinte a manutenção da mesma? E por que o executivo municipal foi multado em cerca de R$40.000,00 por contrata-la?

Paulo Xaparral - msn: pauloxaparral@hotmail.com