terça-feira, 20 de novembro de 2007

Cidade turística ou industrial?




Reza uma lenda, que ao assumir o cargo de presidente de uma empresa, o executivo recebeu uma carta, contendo em seu interior 3 envelopes. Editada pelo ex-presidente, saudava o atual e recomendava que em caso de necessidade extrema, usasse os envelopes lacrados, numerados de 1 a 3. Na primeira situação em que viu seu cargo em perigo, ele abriu o primeiro envelope, ao qual dizia para colocar a culpa no ex-presidente, estratégia que durou algum tempo. Algum tempo depois, vendo-se em apuros novamente, o executivo abriu o segundo envelope, que dessa vez lhe sugeria colocar a culpa na política econômica do governo. Mais uma vez, safou-se da situação. Ao surgir outra situação indecorosa, ele sorriu antes de abrir o terceiro envelope, certo de outra solução rápida, porém, suas feições se fecharam ao ler: "Após pedir demissão, faça uma carta de recomendação ao próximo presidente com três envelopes lacrados".

Esse ano, houve em todas as cidades brasileiras de até 140 mil habitantes, e algumas outras com população superior, o censo da contagem da população. A maior utilidade dele, é dar à União base para repasse de verbas de acordo com o tamanho da população do município, já que os dados estavam defasados, pois o IBGE normalmente realiza o censo populacional de 5 em 5 anos. Houve protesto de várias cidades quanto aos dados apresentados pelo instituto e nossa cidade não ficou atrás, já que a redução da projeção não foi a esperada e perderia quase um milhão de reais em repasse.

Como trabalhei como recenseador, posso indicar alguns possíveis problemas que ocasionaram a redução da população em nossa cidade.
1) O recenseador contou errado.
2) O morador deu informação errada.
3) O clima de insegurança no país.
4) A população está migrando de cidade à procura de emprego.

O recenseador recebe por produção, ou seja, quanto mais pessoas ele conta, mais ele recebe. Admitamos que houve erro. O mesmo seria para maior, não para menor. Porém, ao assinar o contrato de trabalho temporário, o recenseador garante sigilo e integridade das informações, ou seja, não passará nenhuma informação para qualquer pessoa que não seja o IBGE e não mentirá sobre os dados apresentados, correndo risco de ser processado judicialmente.

Pela má divulgação do Censo pelo Governo Federal, a população confundiu o Censo da contagem da população com o Censo demográfico, onde o primeiro não ocupava mais de 5 minutos do morador, já o segundo ocupava ao menos meia hora. Assim, com pressa, falta de tempo, etc, o morador omitiu a quantidade de moradores para ganhar tempo.

O clima de insegurança que assola o país inibiu os moradores em dar maiores informações, devido ao enorme número de golpes na praça por pessoas de má fé. Para isso, contribuiu além da má divulgação pelo Governo Federal, a falta de interesse da prefeitura municipal em ajudar na divulgação da importância do censo para o município.

Então, resta-nos admitir que a população dimunuiu devido à falta de empregos na cidade. Para não pensarmos muito, é só lembrar-mos que ficamos um longo período sem Diretor de Turismo e Diretor de Desenvolvimento. Então, voltando ao início do texto, nosso prefeito culpa o IBGE pela perda de habitantes. Justo não?

Pelos números oficiais extraídos do site do IBGE ( http://www.ibge.gov.br), a população de Barra Bonita no ano 200 era de 35.090 habitantes, e agora conta com 35.487 habitantes.

Por ser uma estância turística, nossa cidade recebe uma verba para manutenção da cidade. Mas, ao mesmo tempo, há alguns impostos que são maiores, para digamos, evitar a instalação de industrias que possam afetar as belezas naturais.

Pois bem, estamos frente a uma encruzilhada e é hora de decidir. Queremos uma cidade turística, explorando nosso potencial, integrando-nos à outras cidades da região e assim criando um pólo turístico no interior do estado? Ou queremos uma cidade industrial, com a geração de empergos, investimento em infra-estrutura, descontos fiscais para atrair empresários com capital para investir e fomentar o crescimento da cidade?

Enquanto isso, a culpa continua sendo do IBGE...